quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sharon Jones , de carcereira a Rainha do Soul Retrô


Aos 54, Sharon Jones, a verdadeira rainha do soul retrô, tem data para estrear no Brasil. Intérprete e banda chegam ao país em momento inspirado, registrado no sofisticado quarto álbum, "I Learned the Hard Way" (2010), que levou a crítica especializada a apontá-la mais uma vez como grande voz do soul nos anos 2000 --e o The Dap-Kings como um dos grupos indies mais celebrados dos Estados Unidos. 

Tanta atenção ainda causa surpresa em Sharon Jones, que, até os 40 anos, trabalhou como carcereira em um presídio e segurança numa empresa especializada. "Nunca imaginei que um dia abriria o show do Prince, no Madison Square Garden. Para mim, foi como um fenômeno", disse a cantora à Folha de SP.

Essa virada, no entanto, se deve, em parte, a uma "mãozinha" de Amy Winehouse. Em meados dos anos 2000, a britânica e o produtor Mark Ronson bateram à porta do Daptone Records, o selo do The Dap-Kings, para conhecer seu som "underground. A banda acompanhou Amy nas gravações do disco "Back to Black", que vendeu 10 milhões de cópias e o resto da história todo mundo conhece. 

Nascida na mesma cidade de James Brown, na Georgia, Sul dos Estados Unidos, Sharon Jones cresceu ouvindo as músicas que inspiram seu trabalho hoje: funk, soul e r&b do fim dos anos 60, início de 1970. Aretha Franklin, Tina e Ike Turner, Ottis Redding e artistas das gravadoras Motown e Stax eram seus ídolos --e a tribuna das igrejas, seu palco. 

Quando começou a procurar os estúdios, descobriu que era "muito baixa, muito gorda, tinha a pele muito escura e, aos 25 anos, era também muito velha". Mas não desistiu. Além dos trabalhos "oficiais", Sharon Jones continuou cantando em festinhas ou como backing vocal. 

Foi acompanhando um grande nome do funk das antigas, o cantor Lee Fields, que ela foi descoberta pelos jovens saudosistas da black music. Estes viriam a formar o The Dap-Kings, e ela virou diva de uma cena na qual o importante é tocar exatamente como os pioneiros. "É bom que, em 2011, ouçam nossa música e digam 'uau, isso se parece com algo que Tina Turner teria feito nos anos 70'", fala. "Eram canções tão boas que ainda fazem sucesso." 

Isso não quer dizer que Sharon Jones e os Dap-Kings não tenham personalidade. "Claro que não quero ser Tina Turner", explica. "São nossas músicas. Novas composições que fazem as pessoas se lembrarem dos melhores daquela época." 

O BMW Jazz Festival marca a volta do Brasil para o circuito mundial de um dos estilos mais influêntes da história da música: o jazz. Entre os dias 10 á 12 de Junho, a cidade de São Paulo receberá a primeira edição desta coletânea de shows, que acontecerá no Auditório Ibirapuera e  nos dias 13 e 14 de junho no Oi Casa Grande no Rio.

Entre as atrações estão os saxofonistas Wayne Shorter, Joshua Redman e Billy Harper, a cantora Sharon Jones, mais nova diva da black music americana, o compositor e baixista norte-americano Marcus Miller, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, principal representante da música brasileira no line-up do festival, que mistura jazz e ritmos afro-brasileiros, em formato de big band, a Funk Off Brass Band, banda marcial italiana de sopro e percussão, o grupo Madison Bumblebees of Winnsboro, diretamente da Carolina do Sul, o contrabaixista Renaud Garcia-Fons e o pianista norueguês Tord Gustavsen.


Fonte: folha online


Nenhum comentário:

Postar um comentário